sábado, 31 de outubro de 2009

Porque não secam as minhas?

Não sei o que sinto. Temo perder o rumo outra vez, desta vez enveredar por um caminho sem retorno. Digo que não imaginas o nó que sinto na garganta, porque seria suficiente para que não o permitisses. É assim quem ama...

Não há um único dia da minha vida em que não chore e lamente a minha sorte. Não sou nem quero ser vitima. Sei entregar-me de corpo e alma, e dedicar-me a quem amo. Sou mulher de convicção, como sabes, casmurra no que toca a acreditar. Sofro, claro. Muito. Não consigo ter paz de espirito. Os meus poros sangram, vivo em tumulto e numa constante procura desenfreada.

Em quem posso acreditar? Em quem devo? Num ser maravilhoso que me enche e completa, mas cujo egocentristo e cobardia (inocente?) me matam tanto como me amam? Ou num ser frio e distante, que esconde o que sente e prefere a solidão a fazer crescer cenários improváveis? Às vezes acho que estou a enlouquecer. Não pode ser normal que alguém se magoe tanto em busca da felicidade. Morro por dentro. Tenho marcas de rios na face de tanto chorar. Eles dizem que as lágrimas acabam por secar, mas porque não secam as minhas?

Sabes, quando era uma menina,sonhava com uma vida boa, tranquila, uma carreira brilhante à imagem da excelente aluna que sempre fui e o mais importante, o amor perfeito... Tudo cai. Tudo tomba. Tudo voa... até o mais intímo de mim, o que poderia ser a minha imagem, o meu sangue, um rebento de mim... A maior dádiva que uma mulher pode ter... Imaginas como estou? Não, não podes, não sabes.

O tempo urge, foge-me entre os dedos, como areia em dia de ventania. E não tenho um ombro onde chorar. E não tenho alguém que fique do meu lado incondicionalmente, sem hesitar, sem mas, sem histórias, sem outras, sem nada...

Porque não secam as minhas? Diz-me, porque não secam as minhas?

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