quarta-feira, 14 de julho de 2010

sei lá
serpenteio mãos e cabelos
já não sei quem sou
o norte fica para baixo e a lua vê-se ao contrário
a raiva invada-me a alma
torce, retorce
contrai, cai, aninha
grita, geme, salta, rebola
entorna
já sei ferir
já sei ser fria, má, dura
cresceu em mim
já não sei quem sou
perdi-me no vento agreste
odeio o Brasil e Paris
prefiro camas pretas
doem-me os mamilos
já não tenho útero
perdi-me
já não sei quem sou
fotos? o que são?
retratos pintados a ouro e prata?
mato o momento
atropelo
limpo, sujo, cuspo
já não sei quem sou
vomito
não dormi, fumei
não fumei, chupei
onde estavas?
não
já não sei quem sou
perdi-me num buraco
sem fim
sem fundo
sem regresso
sem retorno
já não sei quem sou
perdi-me
quem sou?

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